segunda-feira, 8 de junho de 2009



Timbaluno Elite 1º Ano, aí está o resumo da obra Marília de Dirceu.

I- Escola Literária
ARCADISMO: a palavra arcádia, que dá origem a Arcadismo, é grega e designa uma sociedade literária típica da última fase do Classicismo, cujos membros adotam nomes poéticos pastoris, em homenagem à vida simples dos pastores, em comunhão com a natureza. O Arcadismo quanto à forma:
Vocabulário simples frases na ordem direta ausência quase total de figuras de linguagem manutenção de versos decassílabos, do soneto e de outras formas clássicas O Arcadismo quanto ao conteúdo:
Pastoralismo Bucolismo Fugere urbem
Aurea mediocritas
Elemento da cultura greco-latina
Convencionalismo amoroso
Idealização amorosa
Racionalismo Idéias iluministas
Carpe diem
II- Cronologia
Início do Arcadismo no Brasil: 1768 – publicação das Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa
Término: 1836 – publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves Magalhães.

III- Biografia do autor
O poeta Tomás Antônio Gonzaga, patrono da cadeira nº 37 da Academia Brasileira de Letras, nasceu na cidade do Porto, em Portugal, a 11 de agosto de 1744 e faleceu na Ilha de Moçambique, onde cumprira pena de degredo, em fevereiro de 1810.
Era filho do brasileiro Dr. João Bernardo Gonzaga e de D. Tomásia Isabel Clark. Passou alguns anos da infância no Recife e na Bahia onde o pai servia na magistratura e, adolescente, retornou a Portugal a fim de completar os estudos, matriculando-se na Universidade de Coimbra na qual concluiu o curso de Direito aos 24 anos.
Depois de formado exerceu Gonzaga alguns cargos de natureza jurídica, já tendo advogado em várias causas na cidade do Porto. Candidatou-se a uma Cadeira na Universidade de Coimbra, apresentando uma tese intitulada 'Tratado de Direito Natural'. Em 1778 foi nomeado juiz-de-fora na cidade de Beja, com exercício até 1781. No ano seguinte é indicado para ocupar o cargo de Ouvidor Geral na comarca de Vila Rica [Ouro Preto], na Capitania de Minas Gerais.
A permanência em Vila Rica estendeu-se até o ano de 1789, quando foi envolvido na famosa Inconfidência Mineira. Em maio do referido ano, acusado de participação na conspiração é detido e, sem maiores formalidades, remetido preso para o Rio de Janeiro.
Nessa ocasião estava o poeta noivo de Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, jovem pertencente a uma das principais famílias da capital mineira, e a quem dedicava poesias do mais requintado sabor clássico, que iriam fazer parte do livro intitulado 'Marília de Dirceu' cuja primeira parte foi publicada em Lisboa, pela Impressão Régia, no ano de 1792.
A obra poética de Tomás Antônio Gonzaga é relativamente pequena mas suas liras tiveram dezenas de edições.
Segundo as mais abalizadas pesquisas de natureza estilística e histórica, deve-se ao infortunado Ouvidor de Vila Rica a autoria da famosa sátira 'Cartas Chilenas', só editadas, em forma impressa, no Segundo Reinado. Continham-nas uma coleção notável de versos cáusticos, em que era posto em ridículo Luís da Cunha Meneses, Governador e Capitão-General de Minas Gerais, na década de 1780.
Na Ilha de Moçambique, para onde foi levado Gonzaga, em virtude de sua condição no processo da Conjuração mineira, casou-se o desventurado vate com Juliana de Sousa Mascarenhas, de quem houve um casal de filhos, cujos descendentes remotos ainda vivem na antiga colônia portuguesa.
IV- Obras:
Marília de Dirceu
Cartas Chilenas [principal obra satírica do século XVIII, atribuída a Gonzaga]
Duas tendências coexistem nas liras de Gonzaga:

a) a contenção e o equilíbrio neoclássicos, com a utilização de todos os lugares-comuns do Arcadismo: um pastor, uma pastora, o campo, a serenidade da paisagem principal. b) o emocionalismo pré-romântico, na expressão pungente da crise amorosa e, posteriormente a prisão, da crise existencial do poeta.
O sujeito lírico é o pastor Dirceu, que confessa seu amor pela pastora Marília. Eis a convenção neoclássica realizada, Mas é evidente que nos pastores se projeta o drama amoroso vivido por Gonzaga e Maria Dorotéia.
A todo momento a emoção rompe o véu da estilização arcádica, brotando, dessa tensão, uma poesia de alta qualidade.

“ Eu tenho um coração maior que o mundo
tu, formosa Marília, bem o sabes;
um coração, e basta,
onde tu mesma cabes”
V- Resumo
As partes da obra

A obra se divide em duas partes [há uma terceira, cuja autenticidade é contestada por alguns críticos:

1ª parte: contém os poemas escritos na época anterior à prisão de Gonzaga. Nela predominam as composições convencionais: o pastor Dirceu celebra a beleza de Marília em pequenas odes anacreônticas. Em algumas liras, entretanto, as convenções mal disfarçam a confissão amorosa do amor: a ansiedade de um quarentão apaixonado por uma adolescente; a necessidade de mostrar que não é um qualquer e que merece sua amada; os projetos de uma sossegada vida futura, rodeado de filhos e bem cuidado por suas mulher etc.

2ª parte: escrita na prisão da ilha das Cobras. Os poemas exprimem a solidão de Dirceu, saudoso de Marília. Nesta segunda parte, encontramos a melhor poesia de Gonzaga. As convenções, embora ainda presentes, não sustentam o equilíbrio neoclássico. O tom confessional e o pessimismo prenunciam o emocionalismo romântico.

VI- Considerações finais:
Em Minas Gerais, quatro poetas e magistrados constituem os mais importantes cultores do arcadismo, se bem que Otto Maria Carpeaux separe Cláudio Manuel da Costa, pelo maior racionalismo e menores “vestígios do sentimentalismo pré-romântico”.
Grande entre todos eles, pelo sentido do ritmo e domínio artesanal, aparece Tomás Antônio Gonzaga, autor popularizado através das “liras” que celebram os amores de Marília e de Dirceu.
O tema do livro é amor. Amor cheio de pureza, em que se constrói um universo ideal, o poeta encarnado em pegureiro, a sua amada em pastora, conforme o vocabulário da escola. Os motivos são os tradicionais: da despedida, “Adeus, cabana, adeus; adeus, ó gado”; o das excelências do tempo passado “então só inocente / era de luso o reino. Oh! Bem perdido! / ditosa condição, ditosa gente!”; a indecisão do amante de duas amadas, o mon coeur balance entre Alteia e Dircéia, o mesmo lema do muito celebrado soneto de Alvarenga Peixoto: “Ou faz de dous semblantes um semblante / ou divide o meu peito em dois pedaços.” Em Gonzaga é “Ou forma de Lavino dous sujeitos / ou forma desses dous um só semblante”.
A versificação é pouco variada e, a par dos versos de quatro sílabas, melhor ditos, células métricas, vêm a redondilha menor, com acentuação em 2a. e 5a. sílabas; heróico quebrado, sempre em combinação; a redondilha maior; o decassílabo.
É possível começar com uma curiosidade, a das liras XXII e XXV [2a. parte] e II [3a. parte], entre outras, em que a palavra final de cada estrofe é oxítona ou monossílabo tônico, em ê de timbre fechado, salvo uma rima de timbre aberto. Na ordem, rimam: ter, vê, tem, ofender, cruel, seu acolher, crer. Outra curiosidade é a rima interna, posta sobre a cesura em final do soneto: “Pois quando só na idéia má retrata / debuxa os dotes com que prende, vista / esconde as obras com que ofende, ingrata”.
E as figuras de repetição, sem muita pesquisa, podem ser registradas na sua freqüência, a começar pela epizeuxe: “ganhei, ganhei, um trono” – “verás, verás, Marília”, “eu vou, eu vou subindo a nau possante”; esta mão, esta mão que ré parece”; “já, já me vai, Marília, braqueando”; “só foi, só foi Lucrecia”.
Mas o Gonzaga não nos oferece apenas abundante material de retórica e arte poética; oferece, e isso é mais importante, poesia para o gosto dos eruditos e poesia que gera popularidade: sentimento e sentimental, intelecto e sensorial melancolia e lamentação. E, porque se trata de um grande poeta, vem sendo incluído nas histórias literárias de Portugal e do Brasil. Nasceu no Porto; fez-se voluntariamente luso, nos depoimentos da devassa, procurando descomprometer-se com a Inconfidência. Amou em Vila Rica, em verdade era pela liberdade do jugo português [um homem amedrontado não é um homem], se bem que se desdissesse ante o inquisidor.
Mas o Brasil anda na sua poesia: saudoso, recompõe o itinerário que vai do Rio à terra de sua bem: “Procura o Porto da Estrela / sobe a serra, e se cansares / Descansa num tronco dela”. “Toma de Minas a estrada / Na igreja nova a que fica / Ao direito lado, e segue / Sempre firme a Vila Rica”.

O GUARANI


Timbalunos Terceirão Elite, aí está o resumo da obra o Guarani, de José de Alencar para a prova do 2º Bimestre.


O Guarani


Na primeira metade do século XVII, Portugal ainda dependia politicamente da Espanha, fato que, se por um lado exasperava os sentimentos patrióticos de um frei Antão, como mostrou Gonçalves Dias, por outro lado a ele se acomodavam os conservadoristas e os portugueses de pouco brio. D. Antônio de Mariz, fidalgo dos mais insignes da nobreza de Portugal, leva adiante no Brasil uma colonização dentro mais rigoroso espírito de obediência à sua pátria. Representa, com sua casa-forte, elevada na Serra dos Órgãos, um baluarte na Colônia, a desafiar o poderio espanhol. Sua casa-forte, às margens do Pequequer, afluente do Paraíba, é abrigo de ilustres portugueses, afinados no mesmo espírito patriótico e colonizador, mas acolhe inicialmente, com ingênua cordialidade, bandos de mercenários, homens sedentos de ouro e prata, como o aventureiro Loredano, ex-padre que assassinara um homem desarmado, a troco do mapa das famosas minas de prata. Dentro da respeitável casa de D. Antônio de Mariz, Loredano vai pacientemente urdindo seu plano de destruição de toda a família e dos agregados.
Em seus planos, contudo, está o rapto da bela Cecília, filha de D. Antônio, mas que é constantemente vigiada por um índio forte e corajoso, Peri, que em recompensa por tê-la salvo certa vez de uma avalancha de pedras, recebeu a mais alta gratidão de D. Antônio e mesmo o afeto espontâneo da moça, que o trata como a um irmão. A narrativa inicia seus momentos épicos logo após o incidente em que Diogo, filho de D. Antônio, inadvertidamente, mata uma indiazinha aimoré, durante uma caçada. Indignados, os aimorés procuram vingança: surpreendidos por Peri, enquanto espreitavam o banho de Ceci, para logo após assassiná-la, dois aimorés caem transpassados por certeiras flechas; o fato é relatado à tribo aimoré por uma índia que conseguira ver o ocorrido.
A luta que se irá travar não diminui a ambição de Loredano, que continua a tramar a destruição de todos os que não o acompanhem. Pela bravura demonstrada do homem português, têm importância ainda dois personagens: Álvaro, jovem enamorado de Ceci e não retribuído nesse amor, senão numa fraterna simpatia; Aires Gomes, espécie de comandante de armas, leal defensor da casa de D. Antônio. Durante todos os momentos da luta, Peri, vigilante, não descura dos passos de Loredano, frustrando todas suas tentativas de traição ou de rapto de Ceci. Muito mais numerosos, os aimorés vão ganhando a luta passo a passo.
Num momento, dos mais heróicos por sinal, Peri, conhecendo que estavam quase perdidos, tenta uma solução tipicamente indígena: tomando veneno, pois sabe que os aimorés são antropófagos, desce a montanha e vai lutar "in loco" contra os aimorés: sabe que, morrendo, seria sua carne devorada pelos antropófagos e aí estaria a salvação da casa de D. Antônio: eles morreriam, pois seu organismo já estaria de todo envenenado. Depois de encarniçada luta, onde morreram muitos inimigos, Peri é subjugado e, já sem forças, espera, armado, o sacrifício que lhe irão impingir. Álvaro (a esta altura enamorado de Isabel, irmã adotiva de Cecília) consegue heroicamente salvar Peri. Peri volta e diz a Ceci que havia tomado veneno. Ante o desespero da moça com essa revelação, Peri volta à floresta em busca de um antídoto, espécie de erva que neutraliza o poder letal do veneno. De volta, traz o cadáver de Álvaro morto em combate com os aimorés.
Dá-se então o momento trágico da narrativa: Isabel, inconformada com a desgraça ocorrida ao amado, suicida-se sobre seu corpo. Loredano continua agindo. Crendo-se completamente seguro, trama agora a morte de D. Antônio e parte para a ação. Quando menos supõe, é preso e condenado a morrer na fogueira, como traidor. O cerco dos selvagens é cada vez maior. Peri, a pedido do pai de Cecília, se faz cristão, única maneira possível para que D. Antônio concordasse, na fuga dos dois, os únicos que se poderiam salvar. Descendo por uma corda através do abismo, carregando Cecília entorpecida pelo vinho que o pai lhe dera para que dormisse, Peri, consegue afinal chegar ao rio Paquequer. Numa frágil canoa, vai descendo rio abaixo, até que ouve o grande estampido provocado por D. Antônio, que, vendo entrarem os aimorés em sua fortaleza, ateia fogo aos barris de pólvora, destruindo índios e portugueses.
Testemunhas únicas do ocorrido, Peri e Ceci caminham agora por uma natureza revolta em águas, enfrentando a fúria dos elementos da tempestade. Cecília acorda e Peri lhe relata o sucedido. Transtornada, a moça se vê sozinha no mundo. Prefere não mais voltar ao Rio de Janeiro, para onde iria. Prefere ficar com Peri, morando nas selvas. A tempestade faz as águas subirem ainda mais. Por segurança, Peri sobe ao alto de uma palmeira, protegendo fielmente a moça. Como as águas fossem subindo perigosamente, Peri, com força descomunal, arranca a palmeira do solo, improvisando uma canoa. O romance termina com a palmeira perdendo-se no horizonte, não sem antes Alencar ter sugerido, nas últimas linhas do romance, uma bela união amorosa, semente de onde brotaria mais tarde a raça brasileira...