quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Timba Alunos Elite, Aí estão os resumos das obras para as Verificações do 4º Bimestre
Memórias de Um Sargento de Milícias
Uma obra de transição para o Realismo. O livro conta a história do jovem Leonardo, filho de pais separados que é criado pelo padrinho barbeiro, sendo uma peste tanto criança quanto mais velho. No começo indicado para ser clérigo, sua rejeição a Igreja lhe leva a vadiar. Na companhia do padrinho na casa de D. Maria conhece Luisinha, por quem se apaixona. Luisinha no entanto se casa com um espertalhão de nome José Manoel. Quando o padrinho morre ele volta a morar com o pai, mas por pouco tempo porque este o expulsa de casa por causa de seus desentendimentos com a madrasta.
Vai morar na casa de um amigo dos tempos que era sacristão (o tio queria lhe preparar para a vida clerical) e conhece Vidinha, por quem se apaixona. Após muitas intrigas feitas pelos pretendentes de Vidinha, sai desta casa também e é nomeado pelo major Vidigal, figura policial constante na obra, soldado. Não param por aí suas diabruras e ofensas e sabotagens com o major lhe garantem a cadeia.
A madrinha e a tia de Luisinha intercedem em seu favor e este não é só liberto, mas promovido a sargento. Logo após isto morre José Manoel e reata o namoro com Luisinha. Transferido para as Milícias, casa-se com ela. A obra toda é um verdadeiro marco para a transição para o Realismo: os personagens não são idealizados, o amor não é supervalorizado e idealizado (e muito menos são as volúveis mulheres), o herói está longe de perfeito existe uma certa comicidade incomum nos romances da época.
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Os Sertões
Este livro é dividido em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. A Terra é uma descrição detalhada feita pelo cientista Euclides da Cunha, mostrando todas as características do lugar, o clima, as secas, a terra, enfim. O Homem é uma descrição feita pelo sociólogo e antropólogo Euclides da Cunha, que mostra o habitante do lugar, sua relação com o meio, sua gênese etnológica, seu comportamento, crença e costume; mas depois se fixa na figura de Antônio Conselheiro, o líder de Canudos. Apresenta se caráter, seu passado e relatos de como era a vida e os costumes de Canudos, como relatados por visitantes e habitantes capturados.
Estas duas partes são essencialmente descritivas, pois na verdade "armam o palco" e "introduzem os personagens" para a verdadeira história, a Guerra de Canudos, relatada na terceira parte, A Luta. A Luta é uma descrição feita pelo jornalista e ser humano Euclides da Cunha, relatando as quatro expedições a Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra.
Retratando minuciosamente movimento de tropas, o autor constantemente se prende à individualidade das ações e mostra casos isolados marcantes que demonstram bem o absurdo de um massacre que começou por um motivo tolo - Antônio Conselheiro reclamando um estoque de madeira não entregue - escalou para um conflito onde havia paranóia nacional pois suspeitava-se que os "monarquistas" de Canudos, liderados pelo "famigerado e bárbaro Bom Jesus Conselheiro" tinham apoio externo. No final, foi apenas um massacre violento onde estavam todos errados e o lado mais fraco resistiu até o fim com seus derradeiros defensores - um velho, dois adultos e uma criança.
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Dona Flor e seus Dois Maridos
Modernismo de segunda fase. A história é dividida em 5 partes (cada uma aberta por uma lição de culinária de Flor, que é professora desta arte, com exceção da quarta parte, aberta por um programa para o concerto de Teodoro) e um intervalo. A primeira começa com a morte de Vadinho em pleno Domingo de Carnaval. Vestido de baiana, Vadinho cai enquanto dançava e seu funeral é muito concorrido. Nele voltam as lembranças de todos sobre o falecido: os amigos de farra, as possíveis (prováveis) amantes, os conhecidos e principalmente da esposa, Flor. Flor lembra do marido infiel, cheio de lábia, espertalhão, jogador e malicioso que era Vadinho, mas ainda assim extremamente adorável. Na definição de um dos presentes no funeral, Vadinho "Era um porreta".
O anteriormente referido intervalo se trata da discussão que ocorreu na cidade sobre a autoria da elegia a Vadinho, poesia anônima picante. A segunda parte passasse-se durante o período de luto de Flor. Inconsolável com a morte de Vadinho, sua mãe volta para a cidade e a situação piora. Dona Rozilda é o mais perfeito modelo de sogra: odeia o genro, é chata, controladora, exibida e pretende sempre escalar na vida social. Passa a fazer intriga sobre o falecido ("era morte para festa") com várias beatas, enquanto algumas poucas defendem Vadinho (não seus atos) por ele ser uma pessoa excepcional (no sentido de incomum, não o de maravilhoso ou com deficiência mental). Assim em flashback é mais detalhado o passado do casal. A mãe de Flor queria que as filhas se casassem com homens ricos, e Vadinho apareceu.
Eles se conheceram numa festa chique (Vadinho entrou de penetra, com a ajuda do tio) e começaram o namoro com a benção de Dona Rozilda, até que ela descobriu quem era o genro. Mais tarde Flor sai de casa e se casa (de azul, porque não teve coragem de por o branco) e começa o casamento. Vadinho é um marido ausente, sempre gastando o dinheiro (dos outros) no jogo e nas mulheres. Certa vez Flor quase adotou um menino que ela achava ser filho de Vadinho (Flor é estéril; o filho era do "xará"). E assim são mostrados os vários acontecimentos, em flashback, da vida matrimonial com aquele adorável cafajeste, generoso gastador, infiel e amantíssimo marido que era Vadinho. O capítulo acaba com Flor pondo flores sobre o túmulo do falecido, superando melhor o passamento dele. A terceira parte é passada nos meses seguintes. Flor está mais alegre, apesar de manter ainda a fachada de viúva. Todas as beatas competem para achar-lhe um bom pretendente e quem aparece é Eduardo, o Príncipe, calhorda que enganava viúvas para roubar-lhes as economias. Descoberto, Flor passa a se retrair. Seu sono torna-se mais agitado, seu desejo cresce na medida em que ela deixa os homens fora de sua vida pessoal.
Mas então o farmacêutico Teodoro Madureira, respeitado solteirão (ele ficara solteiro para cuidar da mãe paralítica, que morreu pouco antes), ele propõe casamento a Dona Flor e eles tem o mais casto dos noivados, nunca ficando juntos sozinhos. O capítulo acaba com o casamento de Flor, desta vez aprovado por sua mãe (que havia saído da cidade no começo do capítulo; nem as outras beatas agüentavam Dona Rozilda). A quarta parte começa com a lua-de-mel de Dona Flor. Teodoro é diferente do falecido em tudo. Fiel (não compreende mesmo quando uma cliente da farmácia levanta o vestido BEM alto para tentá-lo), regular (sexo às quartas e sábados, bis aos sábados e facultativo às quartas) e inteligente, Teodoro trás a paz de volta à vida de Dona Flor. Teodoro toca fagote numa orquestra de amadores e o maestro compõem uma linda música para ela que Teodoro toca solo (o convite abre o capítulo) e no dia do aniversário de casamento, após os convidados partirem Flor vê Vadinho, nu como o viu na cama no dia de sua morte, a puxá-la e tentá-la.
Ela se recusa naquele momento, fiel ao marido. Teodoro vai dormir e Vadinho sai logo depois, qundo Flor ia procurá-lo. Começa aqui a parte do livro que o deixou famoso: Flor, Teodoro e Vadinho, vivendo em matrimônio ao mesmo tempo, Vadinho nu, invisível a todos menos Flor. A quinta parte, que tornou famoso livro, filme, seriado e tantas quanto foram as adaptações desta obra, começa com o Vadinho vindo de volta dos mortos, tentando Flor. Flor sente-se dividida entre o esposo atual e Vadinho, mas este diz-lhe que não há por que o estar: são colegas, casados frente ao juiz e ao padre. Flor vai aos poucos perdendo a resistência e chega a encomendar um trabalho para mandar Vadinho de volta para onde estava. Enquanto isso se passa Vadinho vai manipulando as mesas de jogo, favorecendo velhos amigos, levando Pellanchi Moulas, rei do jogo em Salvador, ao desespero e a todos os "místicos" da Bahia para se livrar do azar.
Vadinho só para quando seus amigos cansam (Mirandão, companheiro seu quando era vivo, para de jogar definitivamente, assustado com o repetir de vezes que caía no 17, número de sorte de Vadinho). Por fim Dona Flor sucumbe a Vadinho e passam a viver harmoniosamente os três uma vida conjugal (mesmo que Teodoro não o saiba). Vadinho chega a fazer o milagre de expulsar a sogra quando ela chega de mala e cuia para ficar. Vadinho começa então a desaparecer e Flor se dá conta de que era por causa do feitiço por ela encomendado. Há uma batalha entre vários deuses contra Exu (identificado por alguns como sendo o diabo católico), que protege Vadinho. Quando Exu estava perdendo, o amor e a volúpia de Vadinho ganham a batalha. A obra acaba com Flor andando feliz com Teodoro e Vadinho (nu, como sempre) ao seu lado, pelas ruas de Salvador.
Esta parte acentua duas características gerais da obra: a religiosidade que mistura ao mesmo tempo o catolicismo e o candomblé, pondo todas as figuras míticas das duas religiões junto e eficientemente simultâneas (algo como é a religiosidade baiana, já que Salvador tem mais igrejas que qualquer outra cidade do Brasil e ainda assim é centro das religiões de origem africana). A outra característica vem a ser o fato de que Vadinho e Teodoro são metáforas para o id e o superego, respectivamente. Vadinho é rebelde, impulsivo, espontâneo e dado ao caos (no seu caso, o jogo); Teodoro é metódico e controlado ("Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar" é seu lema, pendurado na farmácia). Assim, a imagem de Flor pacificamente com os dois, totalmente feliz, invoca o ideal de equilíbrio entre os dois.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Jefferson Cano
É ponto mais que pacífico, para a historiografia literária, a divisão da produção ficcional de Machado de Assis em duas fases, uma dita romântica e outra realista. O próprio Machado, ao escrever, em 1905, uma advertência à reedição de Ressurreição, havia se referido a esse romance como pertencente à “primeira fase da minha vida literária”. Não era, porém, do próprio Machado os qualificativos de romântico ou realista que lhe seriam atribuídos pela crítica posterior.
Na verdade, se é inegável o sentido de ruptura com o romantismo que Memórias Póstumas de Brás Cubas assume no conjunto da obra de Machado, também é – ou devia ser – igualmente conhecida a sua recusa ao realismo, explicitada em 1878 (dois anos antes de Brás Cubas), numa resenha sobre O Primo Basílio, de Eça de Queiroz, que acabava de ser publicado. “Voltemos os olhos para a realidade, mas excluamos o realismo, assim não sacrificaremos a verdade estética” – diria Machado naquela ocasião, exortando aos jovens que não se deixassem “seduzir por uma doutrina caduca, embora no verdor dos anos”. Mais tarde, a notória virada nos rumos da produção machadiana faria com que ele acabasse identificado a tudo que tão violentamente condenara.
Não é, porém, o nosso objetivo nesse momento discutir a relação de Machado com o realismo, mas chamar a atenção para o fato de que, ainda antes de refutar a estética realista, Machado também já podia olhar com certo distanciamento para sua herança romântica, à qual seria assimilada toda a produção de sua chamada primeira fase. Embora espalhasse seus escritos pela imprensa desde o final da década de 1850, Machado estrearia em livro com uma coletânea de contos publicada em 1870, os Contos Fluminenses. Em 1872, seria a vez da estréia em romances, com Ressurreição, e no ano seguinte sairia uma segunda coletânea de contos, Histórias da Meia-Noite, publicada ao mesmo tempo em que Machado preparava seu segundo romance, A mão e a luva, que sairia em 1874. Ao publicar as Histórias da Meia-Noite, Machado já possuía todo o distanciamento necessário em relação à estética romântica para fazer a sua crítica, como de fato fazia. E os seus leitores contemporâneos já percebiam que o alcance dessa crítica ia além dos estilos literários em voga na época, como se lia numa resenha anônima publicada no jornal A Reforma, em 18 de novembro de 1873: “Não perde o Sr. Machado de Assis a ocasião que se lhe apresenta de censurar o lado ridículo da sociedade”.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
sábado, 27 de setembro de 2008
De Volta à Terra da Magia
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Dicas de Leitura
1º ANO: Mémórias de um Sargento de Milícias (Manuel Antônio de Almeida)
2º ANO: Os Sertões (Euclides da Cunha)
3º ANO: Dona Flor e seus dois Maridos (Jorge Amado)
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Final de Semana com Amigos
Meu final de semana foi timba maravilhoso. Pude curtir a minha Timbalada junto de pessoas maravilhosas que conseguem transformar meus momentos em pura felicidade. Como foi bom rever minhas irmãs Jehhh e Marília (que saudade que eu estava de vocês).
sábado, 30 de agosto de 2008
Resumos de Obras Literárias
1º Ano - Lucíola (José de Alencar)
A obra "São Bernardo" de Graciliano Ramos gira em torno da figura de Paulo Honório, um homem dinâmico, empreendedor, dominador, obstinado, com objetivos definidos e que, para alcançá-los, usa os outros personagens.
Logo no início da obra, devido à quantidade concentrada de informações, o leitor parece ser "empurrado" para dentro de um turbilhão: são nomes, ocupações, aptidões, características de personagens, função que cada um deles cumpriria na realização do projeto, nomes de lugares ou coisas (O Cruzeiro, A Gazeta, São Bernardo), paisagens quebradas (uma estrada, um pasto...). Tudo isso forma um "todo significativo" e o leitor se vê em um mundo que desconhece. Ele, o leitor, só tem uma voz narrativa em primeira pessoa que o guia.
O fator "posse" surge logo nas primeiras linhas do romance, pois o narrador personagem, que não se identifica inicialmente, diz que quer escrever um livro de memórias e pôr o seu nome na capa. Embora, inicialmente, imaginasse "construí-lo pela divisão do trabalho".
"Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquirnedes a composição tipográfica; para composição literária convidei Lúcio Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro. Eu traçaria o plano, introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e poria o meu nome na capa."
Eufórico, o narrador diz que já vê os "volumes expostos, um milheiro vendido". Essa euforia inicial se transforma em fracasso poucas linhas depois, quando o narrador anuncia de maneira brusca e sem lamúrias que "o otimismo levou água na fervura, compreendi que não nos entendíamos".
O leitor não precisa esperar muito para descobrir o motivo do fracasso: "João nogueira queria o romance em língua de Camões" e Padre Silvestre que "Depois da revolução de outubro, tornou-se uma fera, exige devassas rigorosas e castigos para os que não usaram lenços vermelhos. Torceu-me a cara."
Agora resta ao narrador apenas a companhia de Azevedo Gondim, redator e editor do periódico "O Cruzeiro", que agora passa a ser caracterizado como "uma espécie de folha de papel destinada a receber as idéias confusas" que fervilham na cabeça do narrador.
O Projeto então é reiniciado, mas logo em seguida, novamente de maneira brusca, o narrador anuncia um novo fracasso: os dois capítulos que Gondim havia escrito estavam "tão cheios de besteiras" que o narrador se zanga e, com uma linguagem brutal, ataca o redator do Cruzeiro.
Gondim tenta se justificar dizendo a seu Paulo (somente agora sabemos o nome do narrador) que "um artista não pode escrever como fala". Paulo parece conformar-se e admite o novo fracasso.
Nota: O impressionante em Graciliano Ramos é o seu poder de síntese, pois tudo isso que foi escrito até agora representa apenas um capítulo com apenas duas páginas e meia. Logo no início do segundo capítulo, Paulo, após ouvir o "pio da coruja" decide recomeçar a composição do livro valendo-se "dos seus próprios recursos" e sem indagar se isto lhe traria "vantagem, direta ou indireta."
Paulo revela ao leitor que quer contar a sua história, mas interrompe várias vezes a composição da obra e reconhece que "se tivesse a metade da instrução de Madalena, encoirava isto brincando" e que aquela "papelada" tinha préstimo.
Paulo confessa ainda que o seu objetivo na vida "foi apossar-se das terras de S. Bernardo". Logo em seguida, revela-se incapaz perante a língua/literatura e pede ao leitor a "bondade de traduzir isto em linguagem literária", pois não pretende "bancar o escritor". Ao findar desse capítulo, Paulo, impacientando-se diz: "Dois capítulos perdidos. Talvez não fosse mau aproveitar os do Gondim, depois de expurgados".Apesar de o narrador afirmar que os dois capítulos iniciais foram "perdidos", isso não é a verdade da obra, pois nesses dois capítulos iniciais temos uma quantidade "concentrada" de informação que servem de base para o desenrolar da história. Além disso, o perfil empreendedor e dominador de Paulo está formado.
No terceiro capítulo Paulo Honório se descreve, só agora sabemos o seu nome completo, e começa a contar a sua história:
Paulo Honório, por ter sido abandonado pelos pais, é criado por Margarida, uma negra que fazia doces. Aos dezoito anos tem a sua primeira experiência sexual e, em decorrência dela, esfaqueia João Fagundes, pois ele se "engraçou" com Germana, a mulher que possuíra. Devido a esse ato de violência, ficou preso "nove meses e quinze dias". Depois da prisão, só pensava em "ganhar dinheiro". Para isso, contraiu um empréstimo com o Pereira (agiota) e, por acreditar que foi roubado, estudou aritmética. Paulo Honório trabalhou na enxada em vários lugares, dentre eles, na fazenda de São Bernardo. Por sofrer muito nesse lugar, depois se vingou do Pereira: "hipotecou-me a propriedade e tome-lhe tudo, deixei-o de tanga. Mas isso foi muito mais tarde". Paulo descreve que, para atingir o se intento, começou a negociar gado, redes, imagens, rosários etc. Nesse período sofreu privações (sede e fome) e fazia negócios com a "arma em punho". Depois de acumular um certo capital, volta ao município de Viçosa, Alagoas, e traça os seus planos para adquirir a fazenda São Bernardo, onde trabalhara no passado para Salustiano Padilha, um homem que tinha "levado uma vida de economias indecentes para fazer o filho doutor" e acabou morrendo sem ver o filho formado. Paulo Honório, como quem não quer nada, aproxima-se de Luís Padilha - filho do falecido patrão de Paulo, que é beberrão, mulherengo e incompetente. Paulo empresta-lhe dinheiro e lhe dá maus conselhos sobre o cultivo de São Bernardo, auxilia-o financeiramente em investimentos a serem feitos em São Bernardo e faz com que o Padilha lhe hipoteque a fazenda. Como a dívida não foi paga, Paulo Honório ameaça Padilha e, esse, arruinado, vendê-lhe a propriedade por uma quantia muito pequena. Já com a posse da fazenda, Paulo Honório, apesar de enfrentar várias dificuldades, começa a reconstruir São Bernardo. A primeira delas e o fato de Mendonça, dono do sítio vizinho, ter "avançado" a cerca que divide as duas propriedades para dentro de São Bernardo. Os dois travam uma espécie de "guerra fria" que termina quando o Mendonça leva um tiro "na costela mindinha" e acaba falecendo. Na hora do crime, Paulo Honório estava na companhia de Padre Silvestre, fato esse que afastou qualquer tipo suspeita de ligação com o crime. "Na hora do crime eu estava na cidade, conversando com o vigário a respeito da igreja que pretendia levantar em S. Bernardo. Para o futuro, se os negócios corressem bem".
Depois da morte do Mendonça, Paulo Honório derruba a cerca e leva-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. A viúva do Mendonça reclama, e Paulo Honório diz a ela para levar o caso a justiça, como isso era caro e daria muito trabalho, a cerca ficou como estava. Paulo Honório invade também as terras do Fidelis, que era paralítico de um braço e também a dos Gama, que mudaram-se para o recife. Com muita determinação, Paulo Honório começa a investir em São Bernardo: fez empréstimos nos bancos, importou equipamentos agrícolas, iniciou a pomicultura e avicultura, e construiu uma estrada de rodagem para facilitar o transporte dos seus produtos para a cidade.
Certo dia, Paulo Honório recebeu a visita do Governador, que elogiou muito o trabalho desenvolvido em São Bernardo. Ao ser questionado sobre a escola, Paulo Honório disse que não tinha, mas ao perceber que poderia tirar algum proveito, disse ao Governador que em sua próxima visita a escola estaria concluída. Para montar a escola, Paulo Honório convida o Padilha, que aceita o convite após uma certa relutância. Nessa época, a velha Margarida, com quem Paulo Honório viveu na infância foi encontrada e veio viver com ele na fazenda.
Paulo Honório resolve casar-se, não por solidão, mas pela necessidade de ter um herdeiro. Paulo começa a procurar uma mulher, como se procurasse um objeto em um mercado. Ele Idealiza uma mulher morena, perto dos trinta anos, e a mais perto da sua vontade é Marcela, filha do juiz. Nessa época conhece Madalena, a professora da vila, e interessa-se por ela. Paulo Honório mostra-lhe as vantagens do negócio do "casamento" e, com a mesma força e determinação que conquistou São Bernardo, convence a moça a se casar com ele. Madalena, em companhia de sua tia Glória, muda-se para São Bernardo. Lodo após o casamento, Paulo Honório começa a "descobrir" Madalena: a moça, "esclarecida" e dotada de espírito humanitário, interessa-se pela vida em São Bernardo e, por não concordar com a forma exploratória que o marido trata os empregados, acaba se intrometendo em alguns assuntos, como por exemplo, as "privações" que a família de mestre Caetano vinha sofrendo. Logo em seguida, seu Ribeiro, que era o Guarda Livros da fazenda, declara que Madalena entende de escrituração e que poderia ajudá-lo no trabalho e depois, quando ele morresse, encarregar-se dos livros. Madalena acha pouco o salário de 200 mil réis que receberia pelo trabalho e o casal, com apenas oito dias de casamento, tem sua primeira briga. As brigas entre o casal tornam-se cada vez mais freqüentes, isso porque o espírito humanitário de Madalena é totalmente incompatível com Paulo Honório.
Com o passar do tempo, Madalena se transforma na única pessoa que Paulo Honório não consegue transformar em "objeto". Com idéias socialistas, Madalena representa um obstáculo na dominação Paulo Honório, que começa a perder a sua força e o seu controle sobre as coisas. Essa perda é exemplificada simbolicamente no capítulo 23 com um "volante empenado e um dínamo que emperrava", ou seja, perda de controle e de força.
Por não conseguir possuir Madalena da mesma forma que possuía todas as coisas e pessoas, Paulo Honório passa a sentir um ciúme doentio e começa a desconfiar do Padilha, do João Nogueira, do Gondim e de todos os homens que freqüentavam a fazenda, inclusive os empregados. O casal tem um filho, mas isso não faz com que a situação se altere. Paulo Honório não sente nada pela sua criança, e irrita-se com seus choros. A vida angustiada e o ciúme exagerado de Paulo Honório levam Madalena ao suicídio. Após a morte da esposa, Paulo Honório vai perdendo as outras pessoas - D. Glória vai embora e o seu Ribeiro demite-se.
Logo em seguida, rebenta a Revolução de 30 que traz conseqüências desastrosas para os negócios da fazenda (vários fregueses quebraram e Paulo Honório é obrigado a encerrar as atividades de avicultura, horticultura e pomicultura). Como os negócios iam mal, Paulo Honório, acometido por imenso vazio depois da morte da esposa, simplesmente cruzou os braços.
"Um dia em que, assim de braços cruzados, contemplava melancolicamente o descaroçador e a serraria, João Nogueira me trouxe a notícia de que o Fidélis e os Gama iam remexer as questões dos limites (...). Encolhi os ombros desanimado. João Nogueira desanimou também. Paciência"
Sozinho, Paulo Honório se isola e começa a escrever a sua história de vida. Ele tenta com isso encontrar o sentido de sua vida. Só aí percebe a sua monstruosidade, pois destruiu não só a sua vida, mas também a vida de todos que estavam ao seu redor. Ele percebe também que está totalmente derrotado e o quanto é impotente, pois não tem forças para se mexer e tentar mudar o rumo que sua vida tomou.
"E eu vou ficar aqui, às escuras, até não sei que hora, até que, morto de fadiga, encoste a cabeça e descanse uns minutos".
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Dicas de Livros
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
quinta-feira, 31 de julho de 2008
Linda Mascarenhas
Linda Mascarenhas nasceu a l4 de maio de 1895, no bairro da Levada em Maceió. filha de Manuel Casário Mascarenhas e Lourença Vieira Mascarenhas. A pequena família era constituída pelos irmãos Noemia Mascarenhas, profesora de Desenho da Escola de Aprendizes Artifícies; Ajalmar Mascarenhas, marechal do ar; Osman Mascarenhas, general do Exército e EdgarMascarenhas, médico.
Aos 5 anos, Linda já sabia ler corretamente. Em Maceió, estudou no Colégio Imaculada Conceição e aos 13 anos iniciou seus estudos na Escola Normal de Maceió. Estudou latim com Cônego Teófanes de Barros, grego com D. Adelmo Machado e alemão com o Sr. Ludwig Deichen. Lecionou francês, inglês, português, se aposentando como Professora Catedrática da Cadeira de lnglês da Escola Normal de Maceió.
Em 1932, colaborou com a Dra. Lily Lages na fundação da Federação, Linda promoveu espetáculos teatrais: Miragem, fantasia e Hotel Manguaba, comédia, de Aldemar de Paiva e Nelson Porto, em 1944; O Mistério do Príncipe e O Herdeiro de Naban, operetas infantis de sua autoria, com música e regência do Prof. Luiz Lavenére em 1946 e 1950, respectivamente.
A 23 de outubro de 1944, fundou com Aldemar de Paiva, Nelson Porto e o apoio das sócias da Federação, o Teatro de Amadores de Maceió, assim denominado a partir de 1954. Linda se dedicou à presidência destes grupos e à direção de cena em substituição a Lima Filho.
Com a colaboração da ala jovem do Clube de Regatas Brasil(CRB), do ProL Luiz Lavenére e de jovens da sociedade maceioense, Linda fundou a 12 de outubro de 1955, a Associação Teatral das Alagoas (ATA) e foi aclamada presidente perpétua. Na ATA ela dá continidade a seus trabalhos de diretora de cena, dramaturga e em 1956 estréia como atriz, interpretando
Lizaveta na peça O Idiota, de Léo Vitor, baseado no romance homônimo de Dostoiewki, sob a direção de Heldon Barroso.
Em 1956. promoveu pela ATA o Primeiro Concurso Peças Teatrais realizado em Alagoas. Seguindo o exemplo do movimento teatral de Recife, fundou a Associação dos Cronistas Teatrais de Alagoas(ACTA), em 1958; na década de 70 integrou as comissões de fundação da Federação Alagoana de Teatro Amador (FATA) e do Grupo Literário de Alagoas(GLA). Linda Mascarenhas, além da liderança exercida no movimento de teatro amador de Maceió, atuou em festivais de teatro realizados no Nordeste, Rio de Janeiro e Paraná. Nestes, conquistou reconhecimento por sua dedicação ao teatro e se destacou Como atriz, diretora personalidade do Movimento Amador de Teatro Nacional. No âmbito do teatro realizado em Maceió, enfrentou preconceitos morais e de classe social, implantou a prática do teatro em "arena", com Eles Não Usam Black Tie, de Guarniere, em 1961. Linda iniciou no palco incontáveis atores amadores que exercem papéis significativos na cidade. Sua vida sempre esteve ligada ao palco, à juventude das Alagoas, à religião católica. Linda exerceu papéis de destaque na Ação Católica de Maceió. A última personalidade que Interpretou foi Zulina, na comédia Fazendo chuva, de Homero Calvacante, em 1983, sob a direção Lauro Gomes. Linda faleceu no dia 9 de Junho de 1991, deixando como herança para os sócios da ATA uma história de dedicação e sonhos; e para a sociedade alagoana, o seu exemplo de trabalho, honradez e amor às Alagoas.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Dica para Timba Alunos 1º Ano B
segunda-feira, 28 de julho de 2008
DICAS DE GRAMÁTICA
O sujeito é indeterminado se:
O verbo estiver na terceira pessoa do plural e não houver sujeito expresso na oração, nem for possível identificá-lo pelo contexto:
EX.: Telefonaram para você
Chamaram o Timbaleiro.
Brigaram no carnaval.
O verbo estiver na terceira pessoa do singular e for seguido do índice de indeterminação do sujeito se:
EX.: Acredita-se no valor dos alunos.
Precisa-se de namoradas.
Oração Sem Sujeito : É toda oração na qual há um verbo que repele sujeito (que traz verbo impessoal), ocorrendo nas seguintes circunstâncias:
a) Quando o verbo haver significa existir:
EX.: Há muita gente no bloco.
Havia dez alunos no 3º ano.
b) Quando os verbos haver e fazer indicam tempo transcorrido
EX.: Já faz sete anos que Jorge Amado morreu.
Não o vejo há anos.
EX.: Será cedo?
São oito horas.
É uma hora.
d) Quando os verbos indicam fenômenos da natureza (amanhecer, chover, ventar etc.)
EX.: Choveu muito no último carnaval.
Anoiteceu de repente.
Final de Semana
Lá reencontrei Lucélia, Carla Mariana, Bruna,Duda... enfim,pessoa que sempre estão ao lado da Timba.
Poxa como é bom poder curtir cada carnaval desse nos finais de semana, poxa como é bom poder sentir a alegria de cada pessoinha que encontro no meio da multidão.Cada momento desse que passo no meio do povo percebo que esta terra chamada Brasil é maravilhosa... "Obrigado Portugueses por tê-la encontrado para nós!!!"
Tentei até me comportar, mas como sempre não consigo, juro que tento,mas meu lado maluco e moleque fala mais alto.
Gostei muito da organização do Fortal.Adorei uma coisa: lá a pipoca paga para ver a festa. rsrsrsrsrsrsrsrsrs. Jaguar Rasan e Laurinha Nogueira, vocês fizeram falta lá minhas pretas.
Mas como diz o pobre: "Tudo que é bom dura pouco." A festa acabou e tive que voltar para casa para retomar a rotina de trabalho, mas ainda bem que faço do meu trabalho uma festa, até porque gosto demais do que faço.Saudações Timbaleiras a todos!!!
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Casa do Poeta Jorge de Lima
Timba alunos Santa Úrsula
“As palavras existentes em qualquer língua distribuem-se em várias classes, conforme as formas que assumem ou as funções que desempenham, e para alguns autores conforme o sentido que expressam.”
José Rebouças Macambira.
O QUE É CLASSIFICAR?
Quando organizamos os seres a partir de características comuns, estamos realizando uma tarefa denominada classificação.
O processo de classificação deve ser feito com base em alguns critérios. Se, por exemplo, você quisesse classificar os livros de uma biblioteca, poderia separá-los por gênero (romance, poesia, conto) ou por assunto (astronomia, física, sociologia, direito).
SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS
SUBSTANTIVO: É a palavra variável que nomeia os seres em geral – reais ou imaginários, concretos ou abstratos. Neste caso, são substantivos os nomes de lugares, de pessoas de coisas, de grupos de instituições, de ações de sentimentos ou de sensações etc.
Timbalada
Ferrugem
Tempo
Salvador
CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
Classificam-se os substantivos em:
Comuns: Nomeiam grupos de seres de uma mesma espécie.
Casa
País
Cidade
Animal.
Próprios: Nomeiam seres particulares de uma determinada espécie.
Salvador
Maceió
Brasil
Abstratos: Nomeiam estados, qualidades, sentimentos ou ações cuja existência depende de outros seres.
Alegria
Cansaço
Prazer
Tristeza
Homem Mulher
Mar
Primitivos: São os nomes que não derivam de outros nomes.
DIA / NOITE / CASA
Noitada
Simples: São os nomes que apresentam apenas um elemento formador, um radical.
ÁGUA
LÁPIS
PAU
Compostos: São os nomes formados de dois ou mais elemento
Caneta – tinteiro
Pau – Brasil
Água – de – cheiro
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ADJETIVO
É a palavra variável que modifica o substantivo, indicando-lhe uma qualidade, um estado ou um modo de ser.
Sentimento novo
Jardim suspenso
CLASSIFICAÇÃO DOS ADJETIVOS
Classificam-se os adjetivos em: primitivos, derivados, simples compostos.
Adjetivo primitivo: É aquele que não provém de outra palavra, e serve de base para a formação de outras palavras.
Triste é primitivo de tristonho
Pobre é primitivo de pobretão
Adjetivo derivado: É aquele que é gerado de substantivos, de verbos ou de outro adjetivo.
Amansado é derivado de manso (adjetivo)
Bíblico é derivado de bíblia (substantivo)
Branquelo é derivado de branco (adjetivo)
Adjetivo simples: É aquele que é constituído de um só radical, um só elemento.
Surdo
Louco
Mudo
Adjetivo composto: É aquele que é constituído de mais de um elemento.
Garoto surdo-mudo
Livraria nipo-brasileira
Cabelo castanho-claro.
Até a próxima dica timba aluno!!!
domingo, 20 de julho de 2008
Atualização
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Segunda - Feira
domingo, 13 de julho de 2008
Narrado em primeira pessoa, Dom Casmurro foi publicado em 1900, embora a data da edição seja de 1899. Essa obra continua a trajetória de renovação iniciada com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881. O emprego de capítulos curtos, da já conhecida ironia, do pessimismo amargo e de técnicas narrativas renovadoras, como as digressões, metalinguagem e intertextualidades, mantêm-se também nesse romance. Em Dom Casmurro, a narrativa exerce a função de uma pseudo-autobiografia do protagonista, Bentinho. Dessa forma, a memória servirá de vínculo entre a narrativa presente e a suposta verdade dos fatos, que a distância entre o passado e o presente teimou algumas vezes em nublar para o narrador. Esse resgate pela memória a partir do presente (flash-back) é, como acabamos de dizer, falho, já que o tempo incumbiu-se de distanciar os fatos do momento da escrita. Com isso, a narrativa não poderia seguir um caráter linear, nascendo fragmentada, digressiva. Esse processo de escrita tem a nítida intenção de atribuir ao leitor o papel de explicar a maior dúvida de Bentinho: teria sido traído pela esposa com seu melhor amigo, Escobar, ou não? Ao final da narrativa, percebemos que carregamos a mesma dúvida de Bentinho, pois não conseguimos provar a culpa ou inocência de Capitu. Essa dúvida persiste porque o narrador tanto fornece indícios da existência do adultério quanto da pureza do comportamento da esposa. Entretanto, ele procura de todo modo, através de sua narrativa, convencer-nos da culpa de Capitu, o que terminaria por justificar sua decisão de abandonar mulher e filho na Suíça. A obra significou, por mais de 60 anos, mais um exemplo de adultério feminino explorado na literatura realista. Entretanto, em 1960, a professora americana Helen Cadwel propôs a sua releitura, apontando Bentinho, e não a esposa, Capitu, como o problema central a ser desvendado. Dom Casmurro é um livro complexo e cada leitura origina uma nova interpretação. Machado de Assis faz no romance um fato inacreditável em sua narrativa: Ele cria um narrador que afirma algo (ou seja, diz que foi traído) e o leitor não consegue decidir-se se ele está mentindo ou não. Desde então, o romance vem sido lido e relido, com novas chaves que cada vez mais comprovam tratar-se de um enigma elaborado pelo autor. Dentre as tais chaves destaca-se a não-confiabilidade do narrador (Bentinho), envolvido por sua personalidade ciumenta, invejosa, cruel e perversa aponto de destruir aqueles que ama por uma suspeita que o leitor atento percebe ser no mínimo discutível. Ao evocar o passado, Bentinho (D. Casmurro), que é o narrador-personagem, coloca-se em um ângulo neutro de visão. Dessa maneira pode repassar, sem contaminar, episódios e situações, atitudes e reações. Simultaneamente, opõe a esse ângulo de reconstrução do passado, o ângulo do próprio momento da evocação, marcado pelo desmoronamento da ilusão de sua felicidade. Dessa forma, temos uma dupla visão da experiência, reconstituída em termos de exposição e análise. A visão esfumaçada do adultério é intencional. Dele o leitor só tem provas subjetivas, a partir da ótica do narrador, que nele acredita. Ao adotar um narrador unilateral, fazendo dele o eixo da forma literária, Machado de Assis se inscreveu entre os romancistas inovadores.
Estrutura da obraO romance Dom Casmurro é dividido em 148 capítulos de diversas dimensões, predominando os curtos (técnica já ultilizada em Memórias Póstumas de Brás Cubas). Ação - O enredo da obra não é dinâmico, já que predomina o elemento psicológico. A narrativa é digressiva, ou seja, interrompida todo o tempo por fugas da linearidade para acrescentar pensamentos ou lembranças fragmentadas do narrador.Foco narrativo - O romance é narrado em primeira pessoa, por Bento Santiago, que escreve a história de sua vida. Dessa forma o romance funciona como uma pseudo-biografia de um homem já envelhecido que parece preencher sua solidão atual com a recordação de uma passado que nunca se distancia verdadeiramente, porque -foi marcado pelo seu sofrimento pessoal.Tempo - O tempo é cronológico, cuja primeira referência é o ano de 1857, no momento que José Dias sugere a D. Glória a necessidade de apressar a ida de Bentinho para o seminário. Em 1858, Bentinho vai para o seminário. Em 1865, Bentinho e Capitu casam-se. Em 1872, Bentinho e Capitu separam-se. Aliás, se observarmos melhor essas datas, veremos que entre a ida de Bentinho para o seminário e o casamento decorrem sete anos, entre este último e a separação mais sete anos. Se tomarmos em conta essa “suposta coincidência”, podemos perceber que cada período forma um ciclo completo: ascensão, plenitude e declínio ou morte do sentimento amoroso.Espaço - Toda a ação narrativa passa-se no Rio de Janeiro. O narrador faz-nos acompanhar sua trajetória pelos bairros e ruas do Rio, desde o Engenho Novo, onde -escreve sua obra, até a Rua de Matacavalos, onde passou sua infância e conheceu Capitu. É interessante lembrar, que as duas casas amarram-se novamente num círculo perfeito, já que a do Engenho Novo foi construída à semelhança da casa de Matacavalos. A tentativa do narrador de atar as duas pontas da vida parece funcionar não apenas na ligação entre o presente e o passado, mas também na própria estrutura da obra, como vimos na introdução dessa parte.PersonagensEm Dom Casmurro, as personagens são apresentadas a partir das descrições de seus dotes físicos. Temos, portanto, a descrição, funcional, bastante comum no Realismo.As personagens principais são:Capitu, "criatura de 14 anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo,... morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo... calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos". Personagem que tem o poder de surpreender : "Fiquei aturdido. Capitu gostava tanto de minha mãe, e minha mãe dela, que eu não podia entender tamanha explosão". Segundo José Dias, Capitu possuía "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", mas para Bentinho os olhos pareciam "olhos de ressaca"; "Traziam não sei que fluido misterioso e energético, uma força que arrastava para dentro, com a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca". A personagem nos é pintada leviana, fútil, a que desde pequena só pensa em vestidos e penteados, a que tinha ambições de grandeza e luxo. Foi comparada, certa vez pela crítica, como a aranha que devora o macho depois de fecundada. Bentinho, também protagonista, que ocupa uma postura de anti-herói. Não pretendia ser padre como determinara sua mãe, mas tencionava casar-se com Capitu, sua amiga de infância. Um fato interessante é que os planos, para não entrar no seminário, eram sempre elaborados por Capitu. É o narrador e pseudo-autor da obra. Na velhice, momento da narração, era um homem fechado, solitário e triste. As lembranças de um passado triste e doloroso, tornaram-no um indivíduo de poucos amigos. Desde menino, foi sempre mimado pela mãe, pelo tio Cosme, por prima Justina e pelo agregado José Dias. Essa super-proteção tornou-o um indivíduo inseguro e dependente, incapaz de tomar decisões por conta própria e resolver seus próprios problemas. Essa insegurança foi, sem dúvida, o fato gerador dos ciúmes da suspeita de adultério que estragaram sua vida. As personagens secundárias são descritas pelo narrador:Dona Glória, mãe de Bentinho, que desejava fazer do filho um padre, devido a uma antiga promessa, mas, ao mesmo tempo, desejava tê-lo perto de si, retardando a sua decisão de mandá-lo para o Seminário. Portanto, no início encontra-se como opositora, tornando-se depois, adjuvante. As suas qualidades físicas e espirituais. Tio Cosme, irmão de Dona Glória, advogado, viúvo, "tinha escritório na antiga Rua das Violas, perto do júri... trabalhava no crime"; "Era gordo e pesado, tinha a respiração curta e os olhos dorminhocos". Ocupa uma posição neutra: não se opunha ao plano de Bentinho, mas também não intervinha como adjuvante. José Dias, agregado, "amava os superlativos", "ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo... nos lances graves, gravíssimo", "como o tempo adquiriu curta autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo", "as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole". Tenta, no início, persuadir Dona Glória à mandar Bentinho para o Seminário, passando-se, depois, para adjuvante. Vestia-se de maneira antiga, usando calças brancas engomadas com presilhas, colete e gravata de mola. Teria cinqüenta e cinco anos. Depois de muitos anos em casa de D. Glória, passou a fazer parte da família, sendo ouvido pela velha senhora. Não apenas cuidava de Bentinho como protegia-o de forma paternal. Prima Justina, prima de Dona Glória. Parece opor-se por ser muito egoísta, ciumenta e intrigante. Viúva, e segundo as palavras do narrador: "vivia conosco por favor de minha mãe, e também por interesse", "dizia francamente a Pedro o mal que pensava de Paulo, e a Paulo o que pensava de Pedro". Pedro de Albuquerque Santiago, falecido, pai de Bentinho. A respeito do pai o narrador coloca: "Não me lembro nada dele, a não ser vagamente que era alto e usava cabeleira grande; o retrato mostra uns olhos redondos, que me acompanham para todos os lados..." Sr. Pádua e Dona Fortunata, pais de Capitu. O primeiro, "era empregado em repartição dependente do Ministério da Guerra" e a mãe "alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros". Jamais opuseram-se à amizade de Capitu e Bentinho. Padre Cabral, personagem que encontra a solução para o caso de Bentinho; se a mãe do menino sustentasse um outro, que quisesse ser padre, no Seminário, estaria cumprida a promessa. Escobar, amigo de Bentinho, seminarista, "era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos,... como tudo". Ezequiel Escobar foi colega de seminário de Bentinho e, como este, não tinha vocação para o sacerdócio. Melhor amigo de Bentinho. Gostava de matemática e do comércio. Quando saiu do seminário, conseguiu dinheiro emprestado de D. Glória para começar seu próprio negócio. Casou com Sancha, melhor amiga de Capitu. Morreu afogado depois de enfrentar a ressaca do mar. Sancha, companheira de Colégio de Capitu, que mais tarde casa-se com Escobar. Ezequiel, filho de Capitu e Bentinho. Tem o primeiro nome de Escobar. Quando pequeno, imitava as pessoas. Vai para a Europa com a mãe, estudou antropologia e mais tarde volta ao Brasil para rever o pai. Morre na Ásia de febre tifóide perto de Jerusalém. EnredoBentinho, chamado de Dom Casmurro por um rapaz de seu bairro, decide atar as duas pontas de sua vida . A partir daí, inicia a contar sua história. Órfão de pai e protegido do mundo pelo círculo doméstico e familiar. Morando em Matacavalos com sua mãe (D. Glória, viúva), José Dias (o agregado), Tio Cosme (advogado e viúvo) e prima Justina (viúva), Bentinho possuía uma vizinha que conviveu como "irmã-namorada" dele, Capitolina - a Capitu. Seu projeto de vida era claro, sua mãe havia feito uma promessa, em que Bentinho iria para um seminário e tornaria-se um padre. Cumprindo a promessa Bentinho vai para o seminário, mas sempre desejando sair, pois tornando-se padre não poderia casar com Capitu.Apesar de comprometida pela promessa, também D. Glória (mãe de Bentinho) sofre com a idéia de separar-se do filho único, interno no seminário. Por expediente de José Dias (amigo da família), Bentinho abandona o seminário e, em seu lugar, ordena-se um escravo. José Dias, que sempre foi contra ao namoro dos dois, é quem consegue retirar Bentinho do seminário, quase convencendo D. Glória que o jovem deveria ir estudar no exterior, José Dias era fascinado por direito e pelos estudos no exterior.Correm os anos e com eles o amor de Bentinho e Capitu. Entre o namoro e o casamento, bentinho de formou em Direito e fez estreita amizade com um ex-colega de seminário, o Escobar, que acaba se casando com Sancha, amiga de Capitu.Do casamento de Bentinho e Capitu, nasce Ezequiel. Escobar morre afogado e, durante seu enterro, Bentinho julga estranha a forma pela qual Capitu contempla o cadáver. Percebe que Capitu não chorava, mas aguçava um sentimento fortíssimo. A partir desse momento começa o drama de Bentinho. Ele percebe que o seu filho (?) era a cara de Escobar e ele já havia encontrado, às vezes, Capitu e Escobar sozinhos em sua casa. Embora confiasse no amigo, que era casado e tinha até filha, o desespero de Bentinho é imenso. cresce, Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar. Bentinho, muito ciumento, chega a planejar o assassinato da esposa e do filho, seguidos pelo seu suicídio, mas não tem coragem. A tragédia dilui-se na separação da casal.Capitu viaja com o filho para a Europa, onde morre anos depois. Capitu escreve-lhe cartas, a essas altura, a mãe de Bentinho já havia morrido, assim como José Dias. Ezequiel um dia vem visitar o pai e conta da morte da mãe. O pai, que apenas constata a semelhança entre o filho e o antigo amigo de seminário. Ezequiel volta a viajar e pouco tempo depois, Ezequiel também morre, mas a única coisa que não morre no romance é Bentinho e sua dúvida. Estilo de época e individualO Realismo é um estilo de época da segunda metade do séc. XIX, marcado por uma forte oposição às idealizações românticas. Assim, as personagens realistas apresentam mais defeitos do que qualidades, destacando-se as temáticas do adultério, dos interesses econômicos, da ambição desmedida, da dissimulação e da vaidade etc.Machado de Assis, entretanto, ultrapassou a própria estética realista, na qual está inserido, ao utilizar recursos narrativos que não são típicos dos demais autores de sua época, antecipando mesmo certos aspectos de modernidade, o que aliás contraria o que disse dele Mário de Andrade em Aspectos da Literatura Brasileira. O emprego do micro-capítulo e de técnicas cinematográficas são bons exemplos dessa modernidade.Machado foi o mais fino analista da alma humana, mergulhando densamente na psicologia de suas personagens para decifrar-lhes os enigmas da alma, seus sofrimentos, pensamentos e retirando desse mundo íntimo um retrato humano e social até hoje insuperável.Seu estilo não é linear, como nos demais realistas, mas digressivo, paródico e metalingüístico. Em Dom Casmurro, por exemplo, o narrador não se contenta em contar a sua história, mas parece conduzir o leitor por caminhos tortuosos através de sua memória e seus pensamentos antes de decifrar seu passado. Não satisfeito, parece adiar ainda mais os fatos na tentativa de explicar a própria obra (metalinguagem), justificando-se com ele (leitor incluso) ou ironizando-o.Problemática e principais temasA riqueza temática de Dom Casmurro obriga os leitores a atos de profunda meditação, induzindo-os a um trabalho sério de levantamento das intenções do autor a cada momento.De um modo geral, podemos destacar que o grande tema dessa obra é a suspeita do adultério nascida dos ciúmes doentios do narrador e protagonista Bento Santiago. É essa dúvida atroz que atormenta Bento Santiago obrigando-o a escrever essa espécie de livro de memórias para justificar-se diante de si mesmo e da sociedade. Entretanto, ao expor a história de sua vida, esse narrador não se desnuda das mesmas máscaras sociais que as demais pessoas, porque tenta nos persuadir de acreditar na sua versão dos fatos, ainda que procure também persuadir a si mesmo. Mas, se não conseguiu convencer-se da veracidade do adultério, teria conseguido convencer os leitores? Poderia Capitu ser culpada, apesar da ausência de provas cabais de sua traição? A culpa de Capitu significaria para Bentinho a absolvição de todos os seus erros. Por isso a versão dos fatos que cercaram a vida do narrador com Capitu é tendenciosa, por mais sincero que nos pareça esse narrador envelhecido pela ação contínua do tempo e pela solidão. O tempo poderia servir tanto como elemento distanciador das dolorosas emoções do narrador, quanto como fator de diluição das certezas dos acontecimentos. Entretanto, ele não consegue esquecer seus sentimentos, nem mesmo perdoar a mulher e o amigo.É dessa forma que Machado conduz a força temática de Dom Casmurro, não utilizando, como era habitual na literatura realista, o adultério em si, mas a suspeita do adultério.Dom Casmurro resultaria de uma tentativa do pseudo-autor de recompor o passado, como percebemos em suas palavras: “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. O que leva Bento Santiago a essa busca do tempo perdido é, indiscutivelmente, a necessidade de expurgar o sentimento doloroso da dúvida em torno da traição. O que teria levado Bentinho à situação de indivíduo ensimesmado, fechado, solitário, teimoso, um casmurro? A narrativa da primeira parte desse trabalho mostra-nos a construção lenta desse homem triste e solitário. Para analisarmos o homem, devemos aproveitar a máxima machadiana de que “o menino é o pai do homem”, surgida num de seus contos, intitulado Conto de Escola.Primeiro foi a perda do pai, cujo modelo ele não teve presente para seguir; depois, as proteções materna e familiares que terminaram por tomá-lo inseguro, mimado, fragilizado e indeciso ao ser obrigado a tomar qualquer decisão. Bentinho é inseguro, fraco, ao contrário de sua mãe ou mesmo de Capitu. Dona Glória, José Dias e a prima Justina fizeram dele um menino mimado, acostumado com que lhe fizessem todas as vontades. Assim, parecia incapaz de aceitar a independência das pessoas que o cercavam. Qualquer passagem além desse limite de seu sentimento de posse, parecia-lhe uma traição. Capitu era independente, tinha vontade própria. Não costumava tomar conselhos do marido antes de qualquer atitude. O mesmo ocorre com Escobar, que já não dependia mais do dinheiro de Dona Glória, mãe de Bentinho, pois realizara-se profissionalmente.Capitu sempre soube exatamente o que queria: casar-se com o garoto rico da vizinhança, ou seja, Bentinho. Ao contrário de Bentinho, ela é forte, consegue facilmente dissimular situações embaraçosas, como as duas primeiras vezes que se beijaram. Em ambas ela tomou a atitude inicial e também soube sair-se bem diante da mãe, e depois, do pai.Na verdade, é dessa força de Capitu que nasce a fraqueza de Bentinho. Este não sabia o que esperar das atitudes da mulher, que seguia seus próprios passos e princípios. Isso gerava a incerteza e fazia nascer a suspeita. Estamos certos de que, se o quisesse, Capitu realmente teria traído Bentinho, sem que esse sequer suspeitasse, se é que não o fez. Ela sabia dissimular como ninguém e manter-se em seu pedestal. Bentinho sabia disso e daí cresce a dúvida que o amargura e angustia. A morte, primeiro dos familiares, depois da mulher e do filho, tornam o narrador um indivíduo sem amigos, que vive apenas em seu mundo particular, isolado das demais pessoas.Destruir essa incerteza que o acompanha desde muito parece uma questão de vida ou morte, mas Bentinho parece terminar sua obra sem atingir seu desejo maior. Apesar de ser um bom advogado em causa própria, cujos argumentos racionais parecem persuadir uma parte dos leitores, Bentinho não só não provou para si mesmo o adultério de Capitu - nem o contrário, sua fidelidade -, como não conseguiu esquecê-la. Ao retomar o passado, retomou também a forte lembrança desse amor e, claro, de seu ciúme doentio. Mas o que lhe restou senão atacar a mulher e o amigo, ambos mortos? Ambos sem direito de defesa ampla, como exigiria a lei? A única saída de Bentinho foi voltar ao seu projeto inicial de escrever a História dos Subúrbios.